O tuga é humano e, como qualquer humano que se preze, o tuga tem fraquezas. Nós somos um povo quentinho, fixe e acolhedor para os que visitam o nosso país, mas, diga-se de passagem, que entre nós somos um bocadinho estranhos, no mínimo. Tuga que é tuga mostra quem é que veste as calças lá em casa. O "está azedo, ó prova" é um exemplo. Nós temos ali aquele Mimosa Bem Especial há uns, no mínimo, 30 dias e apetece-nos comer cereais ou usar aquilo para fazer puré, e como somos gente que não gosta de deitar fora (sim, porque isto não é só fraquezas, também temos virtudes), os 30 dias não nos convencem, e então o que se faz é pedir a um desgraçado qualquer lá de casa para provar aquela porcaria, que já está mais que verde e tem cenas a boiar lá dentro. Isto serve para tudo. Para o "isto cheira mal, ó cheira", para o "esta cadeira está laça, ó senta-te", para o "vê-me se esta camisola cheira a suor debaixo dos sovacos", tudo o que seja mau. Nós gostamos de partilhar este tipo de coisas, não gostamos de ficar sozinhos nestas situações. Caramba, se eu cheirei esta porcaria, mais alguém tem que cheirar. Queremos ver o outro a sentir-se tão mal quanto nós com o cheiro do Mimosa e, se ele cair também da cadeira abaixo, ainda dizemos "vês? Eu disse-te que estava laça, tem que se compôr". O pior disto tudo é que o desgraçado que cheirou o Mimosa para confirmar que aquilo já não estava bom e acabou a torcer o nariz até ficar deformado e a dizer "eish, isso cheira mesmo mal", ou que se sentou na cadeira sabendo que aquilo ia cair não tarda e acabou c'uma nódoa negra na nádega esquerda, acedeu com toda a boa vontade que, por outro lado, também nos caracteriza. Somos estúpidos.
5 comentários:
O miúdo cá de casa, de quando em vez, agarra no cão (que é daqueles "a pilhas" , de quilo e meio), estica-mo assim a modos que a chegar ao meu nariz, e diz-me "vê lá se ele deu um pum", e eu fujo a sete pés. Normalmente, não caio nessas, não cheiro, não provo. Se está mau para o outro, está péssimo para mim. Na certa. Devo ter uma descendência qualquer que não tuga (ou sou uma tuga esquesitinha com cheiros - que sou).
Mas adorei a perspectiva. :)
Ahahahah, eu sou tuga esquesita, também não costumo cheirar, mas é uma coisa que por acaso costumo ver acontecer. O meu pai, lá em casa, sempre foi o mártir, porque a minha mãe dizia-lhe sempre para ver se estava estragado.
Tão verdade! Parece que toda a gente sofre do síndrome “ver para crer” ou “cheirar para certificar”.
Quando me pedem para fazer o “teste olfativo” quase sempre (para não dizer sempre) prefiro concordar, enquanto sustenho a respiração, do que discordar e ter mesmo que atestar (com conhecimento de causa) que cheira a ranço. :)
Plenamente de acordo xD a minha mãe tem taaaanto esta mania
Também a minha. I feel ya.
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