3 de dezembro de 2015

As passadeiras e eu

Eu sou aquela pessoa que não atravessa uma passadeira se o semáforo estiver vermelho. Das raras vezes que o faço, começo a ver a minha vida a andar para trás. Sou aquela pessoa que fica do outro lado sozinha, à espera que fique verde, quando todos os outros já passaram. Isto é muito constrangedor. Há velhas com 80 anos a passarem com o vermelho porque não se vê nenhum carro num raio de 50 metros. Mas eu não, eu fico ali, com os grilinhos a tocar na minha cabeça, à espera que apareçam aqueles dez segundos iluminados a verde que me indicam que posso atravessar em segurança. Supostamente. "Então mas ó Panda e se não houver nenhum semáforo?" Boa pergunta. Se não houver semáforo, eu desacelero o passo (sim, isto é tudo muito calculado), quase até à velocidade de um caracol a morrer, para poder passar sem nenhum carro nas redondezas. "Então mas ó Panda e se isso não for possível?" Se isso não for possível, transpiro-me toda e atravesso, tentando manter a dignidade e acenando aos carros, em sinal de agradecimento por não me atropelarem.

8 comentários:

Tim disse...

Devias de ver a passadeira frente à minha casa, é em cima de uma curva, se estiver a atravessar de lá para cá não vejo os carros a vir de baixo... temo pela minha vida

Panda disse...

Ai que medo!

Unknown disse...

Eu pelo contrário tenho a bendita da mania de passar quando está vermelho nos semáforos perto da escola, sempre que o faço comento com as minhas amigas que um dia vamos ser todas atropeladas ali mesmo, bem à frente da escola...

Panda disse...

Ai, ai, Maria!

Dora disse...

Eu então sempre que toco no botão da passadeira (é rarissimo fazê-lo), lembro-me do miúdo que morreu electrocutado.

Panda disse...

Eu toco sempre, embora saiba que aquilo, provavelmente, nem resulta. Mas não sei dessa história...

Dora disse...

Foi uma criança com 8 anos que há uns anos tocou e morreu electrificado. Esse caso foi muito falado.

Panda disse...

Não tenho qualquer recordação. Credo.