31 de outubro de 2014

Enfermeiras, princesas e Smurfs

Pessoal, isto é o Halloween. Não é o Carnaval. E por muito que seja giro vestir de enfermeira badalhoca, tentem que o badalhoco seja mesmo porque as vossas tripas estão de fora e vocês nem tiveram tempo de se limpar. E por muito tentador que possa ser ir de Princesa, porque queremos andar sempre lindas (suas vaidosonas!), metam uma faca a atravessar-vos a cabeça e façam qualquer coisa à cara ou ao cabelo para parecer que andaram a combater na segunda Grande Guerra. Palhaços assustadores, sim, enfermeiras de asilo, sim, vampiros, bruxas e ogres, sim, Lili Caneças ou Betty Grafstein, também. Se quiserem mesmo levar isto à loucura, vistam-se de Correio da Manhã, que assusta de tão mau. Agora cenas que não servem para assustar guardem para o Carnaval, combinado? Prooonto. Entretanto, vou só ali ver se encontro a minha mão direita, que de vez em quando dá-lhe para a brincadeira e foge que nem uma maluca. 

30 de outubro de 2014

Fuck it


As maravilhas que se encontram num parque de estacionamento.

29 de outubro de 2014

As mulheres e a discrição

Quero crer que sou uma pessoa discreta, mas vamos lá ver, falando a sério, a quem é que eu quero enganar? Uma mulher discreta é uma raridade. Nós nascemos para ser curiosas e para satisfazer a nossa curiosidade na hora. Não é daqui a cinco minutos, duas horas, não, é logo. Para ontem. É por isso que não nos podem dizer "olha, está ali a passar uma mulher com três mamas e um braço no meio da testa" e acrescentar "mas não olhes agora" porque nós não vamos aguentar. Ainda a outra pessoa não acabou de falar e já nós estamos a fazer o movimento ao pescoço sem qualquer tipo de arrependimento. E depois não olhamos devagarinho, era o que mais faltava, toca a virar depressa que isto a vida são três dias e não podemos perder muito tempo. Quando é um grupo de mulheres e viram todas ao mesmo tempo, enquanto perguntam "ONDE" é que eu fico contente. Show de bola.

28 de outubro de 2014

Solidariedade e estupidez

O tuga é humano e, como qualquer humano que se preze, o tuga tem fraquezas. Nós somos um povo quentinho, fixe e acolhedor para os que visitam o nosso país, mas, diga-se de passagem, que entre nós somos um bocadinho estranhos, no mínimo. Tuga que é tuga mostra quem é que veste as calças lá em casa. O "está azedo, ó prova" é um exemplo. Nós temos ali aquele Mimosa Bem Especial há uns, no mínimo, 30 dias e apetece-nos comer cereais ou usar aquilo para fazer puré, e como somos gente que não gosta de deitar fora (sim, porque isto não é só fraquezas, também temos virtudes), os 30 dias não nos convencem, e então o que se faz é pedir a um desgraçado qualquer lá de casa para provar aquela porcaria, que já está mais que verde e tem cenas a boiar lá dentro. Isto serve para tudo. Para o "isto cheira mal, ó cheira", para o "esta cadeira está laça, ó senta-te", para o "vê-me se esta camisola cheira a suor debaixo dos sovacos", tudo o que seja mau. Nós gostamos de partilhar este tipo de coisas, não gostamos de ficar sozinhos nestas situações. Caramba, se eu cheirei esta porcaria, mais alguém tem que cheirar. Queremos ver o outro a sentir-se tão mal quanto nós com o cheiro do Mimosa e, se ele cair também da cadeira abaixo, ainda dizemos "vês? Eu disse-te que estava laça, tem que se compôr". O pior disto tudo é que o desgraçado que cheirou o Mimosa para confirmar que aquilo já não estava bom e acabou a torcer o nariz até ficar deformado e a dizer "eish, isso cheira mesmo mal", ou que se sentou na cadeira sabendo que aquilo ia cair não tarda e acabou c'uma nódoa negra na nádega esquerda, acedeu com toda a boa vontade que, por outro lado, também nos caracteriza. Somos estúpidos.

27 de outubro de 2014

Praia

Este tempo de calor faz-me lembrar praia. E praia faz-me lembrar certos ódiozinhos de estimação que eu dispensava ter que aguentar sempre que lá vou. Ora:

1. Putos
Epá, eu gosto muito de crianças, que gosto. São giros, fofinhos, dão para trazer no bolso e mostrar às pessoas e tal. Mas putos na praia não dá. Putos na praia significa berros, os ó-mãaaaaeeeeeeeee-mãaaeeeeeee, areia na toalha e sabe-se lá mais onde, mais berros, choro, guinchinhos estridentes, correrias e chapinhanços. E também se vêem pilinhas de vez em quando, porque, bem, os putos ainda não têm opinião e são os pais que mandam.

2. Qué relógio?
Os "qué relógio" estão sempre a tentar expandir negócio e, por isso, estão por todo o lado. Eles têm relógios rofex, óculos de sol rei ban e daquelas pulseiras às cores que se compram nas feiras. E os mais artísticos trazem ainda túnicas e chapéus. É o que eu gosto de chamar homem da gabardine, só que, para felicidade minha, ainda não começaram a levar gabardine e a abri-la sem ter nada por baixo.

3. Casais languinhentos
Estes aqui são um caso mais delicado. Estamos na praia, o pessoal está em trajes menores,  e se já é mau ter que levar com um casal a fazer endoscopias a céu aberto noutro sítio qualquer, então ali pior ainda. Porque, bem, os homens têm sempre algo que revela muito bem o seu estado de espírito nestas situações e nós não queremos ver isso. Intimidade alheia interessa-me tanto como ver Secret Story. Zerinho.

4. Mamas e rabos
Claro que neste ponto os machos discordam de mim, mas a verdade é que eu não fui para uma praia de nudismo por alguma razão.

5. Bolas
Não consigo contar apenas pelos dedos o número de vezes que já levei boladas na praia, à custa dos maus locais que os gaiatos escolher para jogar à bola. E aquela porcaria vai a toda a força, cheia de areia contra as pernas, barrigas e braços das pessoas. Fica-se ali com um picotado jeitoso na pele e uma vermelhidão bonita, para dar cor.

6. Chapéus voadores
Já levei com um em cheio no trombil e não posso dizer que gostei da experiência.

E é isto, para além dos avecs todos que aparecem no verão e que se apoderam da praia com aqueles neologismos espectaculares. Acho que vou comprar uma ilha e deixar de ir à praia.

26 de outubro de 2014

Mutantes

Hoje entrei na Salsa, pela primeira vez desde há um bom par de anos, decididinha a dar uma oportunidade à loja. A roupa da Salsa, para além de achar que é cara para o que vale, costuma ter um estilo que não me assiste muito. Mas hoje gostei da montra e pronto, bateu-se-me assim um ventinho por trás e quando dei conta tinha sido empurrada e estava lá dentro. E que linda que era a camisola preta que estava imediatamente à entrada, sim senhora, assim gosto, pena que custe os olhinhos da cara, mas vou experimentar mesmo não a levando, deixa cá tirar o M. Não há. 

- Precisa de ajuda? (vem a moça toda gira e pimpona, metia-me a um canto)
- Sim, obrigada, eu quero experimentar o M, tem?
- Vou buscar. (volta com a camisola) Olhe, deixe-me aproveitar p'ra lhe dizer que estamos c'uma campanha, recebe um vale de desconto consoante o MUTANTE (...)

Eu aqui deixei de a ouvir. O meu cérebro começou a fazer uma espécie de zumbido, interferência de certezinha, porque a antena devia estar a apanhar mal, quer dizer, "mutante"? Vocês vendem zombies aqui? É que por 50 mocas vale mais, dá para montar e tudo, e ainda é capaz de me aviar ali uns quantos marmelos que eu não me importava que apanhassem um sustinho. Eu digo-vos, não sei como é que não me escangalhei toda ali. Fiquei tão em choque, que quando dei conta já tinha 5 camisolas para experimentar, porque "olhe qu'ésta é mêmo bonita, num acha, ficava-lhe bem, veja lá, ponha assim à frente" e espetava-me então o cabide nos olhos, alinhado ao nível dos ombros, só para depois me deixar mais um cabide nas patas.

25 de outubro de 2014

Bebedeiras

Pessoas que acham que gritar a plenos pulmões da janela do prédio, como se vos estivessem a rodar os tintins e a queimar-vos vivos, às duas horas da manhã, quando se está a tentar dormir e a tentar controlar o impulso de vos mandar c'um piano nos cornos, por favor, pelo bem dos outros e pelo vosso, porque daqui a nada arranjo coragem, parem. Eu não tenho a vossa vida e tenho um sono reparador em execução. E a Wiggle a tocar alto e bom som faz-me querer mandar-vos com dois pianos nos cornos.

23 de outubro de 2014

Fofos da vida

Há um númerozinho jeitoso de coisas que acontecem numa daily basis e que são fofas para me deixarem de bem com a vida, e como isto aqui não é só dizer mal por dá cá aquela palha, hoje vamos a um levezinho, que o meu humor de cão de hoje bem que precisa de se alegrar com cor-de-rosa, senão fico a bater mal da sagrada bolha, como ouvi dizer. Ora então, do que me estou a lembrar:

- Quando o semáforo fica verde para os peões precisamente no momento em que vou atravessar a estrada;
- Quando encontro alguma coisa que quero/preciso muito em promoção;
- Quando dou com um leve 2 pague 1;
- Quando a pessoa me segura a porta ou me deixa passar primeiro, e eu não me arrisco a levar com a porta no focinho;
- Quando tenho muito chichi e chego, finalmente, à tão desejada casa-de-banho;
- Quando as casas-de-banho públicas têm aquele plástico na sanita que roda quando carregamos no botão;
- Quando acordo por mim mesma, sem despertador e cedo;
- Quando acho que ainda só é quinta-feira e afinal já é sexta;
- Quando gosto de umas calças de ganga à primeira;
- Quando conto uma piada e faço alguém ter que ir a correr para a casa-de-banho;
- Quando o arroz fica no ponto.

A minha alminha até bate palmas de contentamento.

21 de outubro de 2014

Sem ofensa

As pessoas que dizem "sem ofensa" antes ou depois de dizerem qualquer coisa que, potencialmente, vai ferir as susceptibilidades do receptor, estão na minha listazinha de pessoas que quero atropelar repetidas vezes com um camião tir por quem nutro pouca simpatia. Não é pela expressão em si, mas sim porque a usam quando têm precisamente o intuito de ofender. E o "sem ofensa" na cabeça destas criaturas atenua a ofensa, por muito má que ela seja. Estou a chamar-te de mono, não gosto da tua tromba e cheiras mal, mas atenção, é sem ofensa, vê lá não te chateies, que eu só quero o teu bem. 

19 de outubro de 2014

Utilidade

Expliquem-me, que eu não consigo perceber, aquele fenómeno que é ter daquelas unhas que são de tal modo compridas que impedem a execução de qualquer tipo de tarefa, por muito simples e rotineira que seja. Eu vejo-as pegar nos telemóveis como se aquilo fosse algo de verdadeiramente nojento, coberto por baba ou assim, nem dobram os dedos, e tocam no ecrã como se restassem 3 segundos até aquilo explodir. E como é que lavam a loiça? Tiram e voltam a pôr as unhas, é isso? E para se vestirem? Não fazem buracos na roupa? Só vejo uma utilidade para aquilo: auto-defesa. Deixo-vos apenas com a imagem de baixo. E não digam que não vão daqui. (não tentem, em circunstância alguma, pesquisar "disgusting nails" no google, estou a avisar-vos)



18 de outubro de 2014

Hoje fui às compras e sabem o que era grátis?

Chulé na Bershka, suor na Pull e mofo na Stradivarius. E uma dor de cabeça em todas elas. Melhor que os saldos!

Comboio e pessoas

Gosto de viajar de comboio, vou ali descansadinha da vida, a ouvir a minha música, a ver os meus filmes, as minhas séries ou a ler. É bom ter estes momentos só para mim, porque numa viagem não há assim tanta coisa que se possa fazer e que nos tire aquele bocadinho de descanso que podemos ter. Mas também tenho aqueles momentos de observação intensiva, em que olho para as pessoas, todas diferentes e todas iguaizinhas ao mesmo tempo, e as ouço. De vez em quando lá apanho umas pérolas que me confirmam todas as conclusões que fui tirando sobre a espécie humana ao longo dos anos, qual Darwin. Hoje fiz uma viagem de três horas e deu pano para mangas. Vi um irmão e uma irmã à pancada, mas forte e feio, vocês não estão bem a ver, ele mordia-a, ela mandava-lhe lapadas de mão aberta no focinho, na nuca e nas orelhas, ele mandava-lhe murros na barriga, ela cuspia-lhe, ele puxava-lhe os cabelos, e lá refilavam eles um com o outro, os dois uns autênticos brutamontes ainda novitos, na sua adolescência, enfim, amor de família do bom. Vi também toda a gente a entrar em pânico porque uns eram surdos e os outros levavam os phones nos ouvidos, e então não ouviram o revisor anunciar a paragem (anunciou, mas muito baixinho), já estavam todos a levantarem-se e ai que não anunciou, ai que não sei onde estou, ai que isto é uma falta de respeito, anunciou sim senhor, mas vós ides todos a dormir minha gente. Vi uma gaiata a mudar de lugar umas três vezes, porque nunca se sentou no dela e, depois de se sentar no terceiro, quando veio a pessoa a quem pertencia aquele lugar, teve o descaramento de dizer "olhe sente-se aí noutro, se faz favor, porque eu já mudei três vezes e já começo a ficar farta" e a mulherzita só teve tempo de erguer as sobrancelhas, muito escandalizada com a má educação da miúda, pois claro, e lá se sentou ela noutro lugar. Vi um homem babar-se e a roncar enquanto dormia. Vi um rapaz a fazer bolhinhas de saliva. Eu realmente nem preciso de me entreter com nada, que isto é uma versão leve da TVI em andamento.

17 de outubro de 2014

Meias

Expliquem-me, que eu não entendo, porque é que a mulher tem sempre que saber onde está aquilo que o homem perdeu e que não encontra? Certo, somos nós que lavamos. Certo, somos nós que arrumamos. Certo, somos nós que sabemos qual é o melhor sítio para pôr as coisas. Mas não somos nós que tiramos as coisas do sítio, não meus senhores, não somos. E não somos nós que temos que saber responder-vos sempre de modo a evitar uma crise existencial crescente aí dentro, que vos faz empolar as veias. Portanto, presumir que vamos sempre fazer aparecer tudo e mais alguma coisa, inclusive aquela meia que perderam há 500 anos atrás, qual truque de magia, está errado. Pior, se nós não soubermos da desgraçada da meia, que entretanto já deve ter ganho raízes, ficam ofendidos que nem uma virgem, porque é, e cito, "suposto tu saberes onde estão essas coisas". Homens.

16 de outubro de 2014

Música, nasci pra música

Eu ouço Pop e Hip-Hop, e outras que tais, como todas as pessoas neste mundo, que, quanto mais não seja, apanham a dar na rádio. E há pedacinhos de pura poesia, que trazem autêntica frescura aos meus dias, são lufadas de ar fresco que encostam qualquer Rock do Mercury a um canto, que cada vez que as ouço sinto que vivo num mundo repleto de sanidade mental, de pessoas racionais e, digamos, com bom senso. Juro-vos. Ora atentem:

1. You a stupid hoe (Nicki Minaj)
Verdade seja dita que esta dá-me vontade de andar por aí a dizê-la às pessoas. Imaginem, quando alguém tivesse uma saída mesmo infeliz, daquelas que vos dá vontade de darem com o focinho na parede, chegavam assim de mansinho por trás da pessoa, esticavam um dedito e faziam uma formação em z, punham um ar de "oh hell no bitch" e gritavam aquilo. Giro, hã? Dá ou não dá vontade?

2. Bitches suck my dick because I look like J.K. Rowling
Não sei de que música é, mas palpita-me (e olhem que eu até sou boa nesta coisa dos palpites) que este aqui não faz puto de ideia de quem seja a J.K. Rowling.

3. I'm trying to find the words to describe this girl without being disrespectful. Damn, you're a sexy bitch (Akon)
Eu gostava muito que todos os homens fossem cavalheiros como este. Ser chamada de "vaca sexy" foi sempre um dos meus grandes objectivos, desde que aprendi a andar e a falar. Aliás, acho que já na barriga da minha mãe, portanto vejam.

4. Ass, ass, ass, ass, ass, ass, ass, ass (Nicki Minaj)
Definitivamente, a Minaj é um génio lírico. 

5. You know what to do with that big fat butt (Jason Derulo)
Oh amigo, é assim, eu não quero saber o que é que ela te faz em privado. A parte boa de se ter uma vida íntima, é que ela não passa para fora e os outros não têm que estar a levar com pormenores dela, sim?

6. I'll take you to the candy shop, I'll let you lick the lollypop (50 Cent)
É nisto que dá quando o fifty tenta ser discreto e não ofender a gaiata. Aliás, ele ainda por cima dá-lhe a honra, reparem como ele diz "eu deixo-te lamber o meu chupa-chupa". 

7. Are you into astrology? 'Cause I'm tryin' to make it to Uranus (Kanye West)
Digno de um construtor civil que se preze, ou do nosso amigo Camarinha.

8. I'll give you something big enough to tear your ass in two (Robin Thicke)
Ora isso é que dava jeito, porque às vezes o rabo pesa, então assim ficávamos com metade em casa e só tínhamos que carregar a outra metade. Sempre a pensar mais à frente, este pessoal, é por isso que eu não abdico dos ensinamentos que me proporcionam.

9. I see fire (Ed Sheeran)
O Ed vê fogo nas montanhas e arranja logo pretexto para cantar sobre isso. Então e chamar os bombeiros, não? Fica para depois? 

10. Sex in the air, I don't care, I love the smell of it (Rihanna)
Aparentemente, a nossa Rihanna gosta de mandar umas caimbradas no avião e diz que adora o cheiro. Calculo que seja bom, ali misturadinho c'o aroma que costuma pairar no ar numa casa de banho de avião. Só coisas boas. Esta miúda sabe.

Há muitas mais, mas pronto, o meu trabalho aqui está feito, porque já estava a sangrar dos olhos e dos ouvidos e tive que ir ali buscar algodão.

15 de outubro de 2014

Onde é que eu assino?

Onde é que me posso candidatar para ser a "tubaroa" multimilionária do Sharktank tuga? É que isto de se ter muito dinheiro é aborrecido e eu quero alguma coisa para fazer, vite. 

14 de outubro de 2014

Gregos e troianos

Se é gorda, devia ter mais cuidado com o que come, porque não é de mil folhas que se faz a saúde, e o McDonald's devia ter um sinal a proibir, explicitamente, a sua entrada. Aliás, a gorda devia pagar uma coima por cada centímetro a mais que não deixa as pessoas deslocarem-se à sua volta sem se sentirem claustrofóbicas com tanta falta de espaço. Tão flácida, tanta celulite, devia ter vergonha de ter a gordura a escorrer que nem manteiga por ali abaixo e nem se devia atrever a ver a luz do dia, por amor de Deus. Se é magra, ai meu Deus, que aquelas pernitas parecem estacas, que horror, vê-se o esqueleto. A magra tem a mania das dietas, devia era comer uns hamburguerzinhos para ver se arrebita, se se faz mulher. Nem lhe deve ficar bem a roupa, aquilo é bom é para servir de cabide, as minhas filhas que não sigam o exemplo, que elas querem-se é cheinhas. Olha para aquilo, parece que vai tombar a cada passo que dá. Se é assim-assim, não é assim tão boa, porque a barriga é grande de mais para as pernas e aqueles bracitos são finitos para as mamas que tem, nem sabemos porque é que a ampulheta é a silhueta mais desejada, que aquilo de proporcional não tem nada e os homens nem gostam nada daquilo. Se é alta, é porque come da cabeça dos outros, se é baixa é porque anda rentinha ao chão, se tem o nariz grande é porque o nariz chega primeiro que ela, se tem a boca torta é porque parece que lhe deu uma trombose. Não se pode agradar a gregos e a troianos, resta-nos agradar a nós próprios. E é isso mesmo que temos que fazer. De pessoas como estas está o mundo cheio, eu já as deito pelos olhos. Só sabem dizer mal, nada nunca está, nem estará, bem. E sabem porquê? Porque nunca estão, nem nunca estarão, bem dentro da própria pele. Serão sempre umas infelizes. Mas já a minha avó dizia "antes o mal de inveja, que o bem de piedade".

É desta que eu perco a cabeça no Pingo Doce

50% em todos os moinhos da Margão, leve 3 pague 1 nos Knorr e 50% nos caramelos de fruta. Quais sapatos, quais quê! Mi aguardji!

Brocas, bochechas e conversas de circunstância

Há muitas coisas nesta vida que eu considero absurdas, claro que poucas ultrapassam aquelas fotos que as pessoas tiram na praia que mostram tudo o que há da cintura para baixo, mas como não me quero alongar nessas para não correr o risco de ficar com urticária, vamos só falar de uma delas. Os dentistas. Sim, os dentistas. Porque sempre que lá vou, isto acontece. E não é só no meu dentista, que sei de fontes seguras que isto passa-se noutros consultórios. Portanto, é o seguinte: entra-se lá no cubículo, que regra geral é azul bebé ou verdinho (sim, porque aquilo é tudo da mesma cor, é cadeiras, é mesas, é paredes, é chão, é batas, Deus me livre), cumprimenta-se o Sôr Doutor, sentamo-nos naquela cadeira que, para mim, nada tem de confortável, com luzes de bloco operatório por cima, quase que me cega a vista, e ele vem de lá com a broca (e eu só penso "com a breca"), nós abrimos a bocarra de modo a caber lá um punho ou dois e o senhor começa a fazer o seu trabalho. Ora bem, depois de tudo isto, depois de já estarmos com aquelas porcarias todas na boca, aspiradores e o catano, a baba a escorrer por todo o lado, a barulheira de oficina, é que o raio do homem se lembra de fazer conversa de circunstância. E nem sequer se pode acenar, porque queremos sair dali com bochechas.

- Então e está a correr tudo bem com a faculdade? 
bzzzzzzzzzzzz
- Hum, hum! (erguer sobrolho para mostrar entusiasmo)
bzzzzzzzzz tchhhhhhh
- Muito bem, muito bem... Então e já sabes o que queres fazer quando acabares?
bzzzzzzzzzzzzzz
- Hum, hum... (esperar que ele não pergunte "então o que é")
tchhhhhh
- Então o que é?
trrrrrrrrrrrrr

E o que vem a seguir é um desafio.

12 de outubro de 2014

That awkward moment

Acabo de receber um email da minha mãe com o seguinte:


Da minha mãe. Não sei que pensar. Cuspi-me um bocadinho.

Como detectar um "desengate" em 5 segundos - Guia para totós

Eu bem sei que o objectivo daqueles moços dengosos que estacionam perto do bar da discoteca e que ficam lá de jola na mão, a exibir a sua melhor camisa preta de riscas cinzentas, é engatar as miúdas. O lema é "quanto mais, melhor" e como até têm algum dinheirito para gastar em copos, lá esperam eles pela melhor oportunidade para saquear a moça dos seus sonhos, que, regra geral, é completamente fora da liga deles. Então o que acontece é que em vez de engatarem, "desengatam". E como, perguntam vocês? Bem, se o aspecto do gaiato que imaginaram enquanto eu descrevi não vos demoveu, não temam, que eu cá estou, como sempre, para vos elucidar. Vamos a isto: 

1. Oi princesa, és sempre assim tão linda?
O "oi princesa" por si só já vos devia fazer revirar os olhinhos como se estivessem a ter uma convulsão febril. Ainda assim, se forem insistentes, podem sempre responder que ainda há umas horas tinham lepra, só que aquilo c'um bocadito de creme hidratante passou.

2. Posso-te pagar uma bebida, fofa?
Aceitem a bebida, claro. Peçam a que tiver mais açúcar, para o pacóvio ficar bem peganhento quando lha despejarem pela cabeça abaixo.

3. Se tu quiseres, já somos dois a querer...
Aqui não há muito a fazer, isto ultrapassa o patamar da imbecilidade, Q.I. muito abaixo dos 50.

4. Babe (...)
Nem se dá hipótese. Aguenta-se o "princesa", o "jóia", o "fofa", o "linda", o "gira" e, com muito esforço heróico e muita força de vontade, o "bebé". Mas o "babe", não. O "babe" é quase aceitar que a seguir nos perguntem quanto levamos.

5. Eu nunca disse isto a nenhuma miúda antes, mas (...)
Se caírem nesta, é porque não há esperança para vocês. Pronto, limitem-se a aceitar que vão ter que lavar a camisa preta das riscas cinzentas no futuro e que vão receber mensagens a dizer "dorme bem princeza :) <33 bonx sonhox", para além de que os vossos brincos também vão ser usados pelo vosso namorado.

6. Na minha casa, ou na tua?
Nós, mulheres, apreciamos o charme e a subtileza, que acabam por se interligar. Um homem que nos diz uma coisa destas, pior do que transbordar azeite por todos os poros, claramente que de discrição não percebe muito e quer é despachar a coisa. Nem que seja preciso pagar-vos umas 5 vodkas para vocês o verem bonito e depois tentar a sorte e ver se a coisa pega.

Posto isto, meninas, vamos lá fazer pelo futuro dos azeiteiros deste mundo e arredores e vamos dar-lhes o pontapé de saída que eles precisam para deixar esta vida. E vamos fazer por nós, que não precisamos de tanto para fazer os refogados de uma vida inteira.

De Coimbra e de haver sempre motivo para bombar nesta cidade

Terceira noite esta semana que tento adormecer ao som de "elas ficam loucas com dedjinho na boca" e "assim você matou papai".

11 de outubro de 2014

I'm having none of your shit

Como todas as outras pessoas que habitam esta bolinha de berlim que é o planeta Terra, também eu partilho de momentos que me enchem os pulmões de frustração e que, sinceramente, só me dão vontade de me enfiar no quarto e mamar uma garrafa de Vodka de uma vez só (e eu que nem gosto de Vodka), enquanto choro copiosamente para cima de um boião de gelado de caramelo do Pingo Doce mais próximo. Vamos lá:

1. Quando empresto dinheiro a alguém e depois tenho quase que ser eu a extorqui-lo com uma lapada no focinho, porque a pessoa parece sofrer de amnésia selectiva e não se lembrar de nada.
Claro que com esta aprendi a minha lição, tanto que nunca mais emprestei dinheiro a ninguém. Há males que vêm por bem. Ou isso, ou estou mesmo tesinha que nem uma toalha ao sol e não dá mesmo para emprestar.

2. Quando alguém me chateia a cabeça e fico caladinha que nem um rato, mas depois de 5 horas a pensar surge-me um comeback que até lhe levantava as patas do chão.
O meu cérebro tem a tendência para bloquear quando quero dizer alguma coisa que provoque um efeito de toma-lá-que-já-jantaste na outra pessoa. Acabo sempre por nem responder, mas fico a remoer naquilo durante horas, até finalmente me lembrar de alguma coisa mesmo inteligente para dizer. Ou isso, ou dizer "a tua mãe". 

3. Quando tento chegar às prateleiras de cima da cozinha e não me apetece arrastar-me para cima de um banco.
A técnica é a seguinte: bicos de pés, encolher o nalguedo, esticar até ouvir os músculos esganiçar um "ai" e tactear. Não resulta. Lá vou eu buscar a porra do banco e temer pela vida, que esta que vos escreve sofre que sofre das vertigens. E dos nervos.

4. Quando estou a tomar banho e a água vem fria quando ainda me estou a ensaboar.
Deus não me curte.

Há vidas difíceis, mas a minha...

8 de outubro de 2014

Dos piropos

No outro dia, já não sei bem quando foi graças à minha memória de avestruz, ia descansadinha da vida passeio abaixo, a dirigir-me para casa, quando avisto três construtores civis. Todos sabemos que estes senhores têm sempre uma classe incomparável, são subtis a apreciar nalguedo alheio, qual Don Juan qual quê, e eu já estava preparada para levar com um piropo, porque basta ser mulher, não interessa se pareço a Heidi Klum ou o Tino de Rans. Os senhores tinham por lá uma caixa de cartão e, mal um deles me avistou, foi logo "ó Carlos, abre aí a caixa, olha o que ali vem, olha, olha tão mimosinha", e eu lá continuei o meu caminho como se não fosse comigo, sem saber se haveria de temer pela vida por me quererem enfiar numa caixa (que eu já me estava a imaginar a passar o resto dos meus dias em cativeiro, a comer da portinhola do cão) ou se haveria de me rir por ter sido chamada de "mimosinha".

3 de outubro de 2014

Ainda não me dediquei à procriação

Mas quero muito ter uma catrefada de putos um dia e já me pus aqui a pensar, a tentar pôr-me na pele de uma insuflada (adorável, claro, como todas elas sabem ser) para perceber que tipo de coisas as pessoas me vão fazer/dizer durante a gestação e que vão libertar o kraken. Cheguei a conclusões bastante simples e rápidas. 

1. "Parabéns! Foi planeado ou foi sem querer?"
Depois de acertar c'um sopampo na tromba do animal vou exclamar "oops, espasmos, foi sem querer!"

2. "Ai filha, és tão magrinha, olha-me para essas pernas, não vais ter um parto fácil!"
Por acaso esta já me disseram, numa conversa casual sobre o assunto, porque sou magra e supostamente as minhas coxas não vão suportar o bebé. Mas a pessoa em questão também tem uma tranca que não fecha e eu presumi que aquilo fosse só o verde a falar.

3. Tocarem na barriga sem pedir
Não me importo que sintam os pontapés da criancinha nem nada que se pareça, mas calma, que a barriga pode estar de fora e chegar primeiro do que eu a todo o lado mas não deixa de ser uma parte privada do meu corpo. Por isso, antes de assentar as manápulas no capacete, há que perguntar se pode sentir o bebé.

4. "Andas a comer?"
Epá, não. Porque o fedelho come-me tudo e eu não estou para estar aqui a gastar Milaneza assim à papo seco. Parece que não, mas fica carote e eu ainda quero ir ao ginásio depois disto.

5. "Olha que uma criança é uma grande responsabilidade, de certeza que estás preparada?"
Realmente, não me tinha lembrado disso, vou só ali dizer que já não quero e já volto. 

E basicamente é isto. Desconfio de que vou ser uma grávida irritável e que, de 2 em 2 segundos, me vai apetecer alinhar numa killing spree. 


2 de outubro de 2014

Então, não sejas bardajão

Opá, há qualquer coisa, pelo menos para mim, de nada atraente em homens que abusam do uso de termos brejeiros. "Aquela gaja é mesmo boa" é o tipo de frase que me custa ouvir. Imagino sempre um barrigudo seboso no café, com uma caneca de litro à frente e um prato de tremoços (não que eu tenha algo contra tremoços, aquilo é um manjar), a cofiar a barba e a soltar um "eheheh". Primeiro, porque a rapariga está a ser tratada de um modo depreciativo que não me assiste e segundo, porque dá logo todo um aspecto de Zezé Camarinha que vai acabar por nunca se casar de tão triste que é e que vivia perfeitamente feliz em comunhão com os seus numa qualquer temporada de Secret Story. Nem que se vista de fatinho e que use Hugo Boss um homem destes vai muito longe, sim, porque também os há, desses engomadinhos que parece que brotam charme por tudo quanto é poro mas vai-se a ver e são uns autênticos bardajões em disfarce.