8 de outubro de 2014

Dos piropos

No outro dia, já não sei bem quando foi graças à minha memória de avestruz, ia descansadinha da vida passeio abaixo, a dirigir-me para casa, quando avisto três construtores civis. Todos sabemos que estes senhores têm sempre uma classe incomparável, são subtis a apreciar nalguedo alheio, qual Don Juan qual quê, e eu já estava preparada para levar com um piropo, porque basta ser mulher, não interessa se pareço a Heidi Klum ou o Tino de Rans. Os senhores tinham por lá uma caixa de cartão e, mal um deles me avistou, foi logo "ó Carlos, abre aí a caixa, olha o que ali vem, olha, olha tão mimosinha", e eu lá continuei o meu caminho como se não fosse comigo, sem saber se haveria de temer pela vida por me quererem enfiar numa caixa (que eu já me estava a imaginar a passar o resto dos meus dias em cativeiro, a comer da portinhola do cão) ou se haveria de me rir por ter sido chamada de "mimosinha".

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